quarta-feira, 14 de outubro de 2009

MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA

Fiz 30 anos em junho passado. Curti muito fazer 30 anos. Não por conta desse papinho furado de que a mulher está mais segura e se sentindo melhor consigo mesma. Eu sigo não me sentindo bem comigo mesma e bastante insegura. Mas fazer 30 anos é mesmo um marco na vida e, refletindo muito, concluí que eu sou uma pessoa sortuda porque há muito mais coisas boas do que ruins acontecendo pra mim sempre. Logo, comemorei o saldo positivo. Mas, como alegria é um troço que, em geral, dura pouco, outro dia recebi uma carta do plano de saúde avisando que, a partir do ano que vem, eu seria automaticamente mudada de faixa etária com o respectivo e proporcional aumento da minha participação ($) nas parcelas mensais. Eu, que trabalhei com seguro a minha vida toda, fiquei ali passada, me perguntando quem teria sido o imbecil cretino que criou aquela tabela idiota segundo a qual, a partir das 0 horas do dia do meu aniversário, eu passei a ser uma velha caquética maníaca por frequentar consultórios médicos. O negócio é que esse comunicado abriu meus olhos para uma outra mudança de faixa etária. A mudança natural, mas não menos traumática, que a vida se encarrega de ir promovendo. A coisa acontece bem lentamente, na surdina, quase sem você perceber, e começa assim: um dia você faz um corte de cabelo novo com luzes de dois tons e fica linda. O que você ouve? Antes dos 30: Nossa, como você está gata! Depois dos 30: Esse corte de cabelo afinou o seu rosto, né? Pô... Mas, tudo bem, tudo bem, respira. A questão e que daí em diante é só ladeira abaixo. Brincar de luta com os sobrinhos? Antes dos 30: diversão. Depois dos 30: distensão. Usar blusa decotada? Antes dos 30: sexy. Depois dos 30: vulgar. Casar? Antes dos 30: sorte. Depois dos trinta: milagre. Ter filhos? Antes dos 30: meio cedo. Depois dos trinta: meio tarde. Usar saias curtas? Antes dos 30: Que coxa! Depois dos 30: Que trouxa! Precisando perder uns quilinhos? Antes dos 30: pegar leve nos doces. Depois dos 30: pegar só alface mesmo. Produto que o vendedor do semáforo te oferece para comprar no trânsito? Antes dos 30: pêssegos e mentos ice. Depois dos 30: panos de prato bordados a 3 por R$5 (e, pior, você compra!). Creme para o corpo? Antes dos 30: hidratante. Depois dos 30: esfoliante para os pés de geléia de figo, gel azul fedido anticelulite para a bunda, pasta de uréia antiestrias para culote e barriga, loção firmadora de amêndoas para busto e braços e creme de extrato de guaraná para as mãos!!! No final acabo achando que a vida consegue ser mais sacana que o pessoal do plano de saúde. Pelo menos eles mandaram uma “cartinha” com uma certa antecedência...

2 comentários:

  1. Dani! Adorei! faz todo o sentido.. e a parte.. eu nunca fui alérgica, doutor.. como assim?? o que??? alergia à ar condicionado??? alergia respiratória?? e de repente como em um passe de mágica.. Bum.. me torno alérgica aos 30 anos.. como pode isso???... essa é boa né!!!O que será que nos aguarda nos 40???
    Beijo

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  2. Aos 40? Sabe-se lá, uma alergia ao marido, ao seu próprio suor... sei lá.. tudo pode acontecer... hahaha

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