domingo, 11 de outubro de 2009

MALUQUICE MINHA DE CADA DIA

Eu acho que todas as pessoas deste mundo tem algum problema psicológico. Mesmo que seja leve. O meu não, o meu é grave. Eu fico pensando se isso acontece com os outros ou se é só comigo mesmo ter essa mania de ficar prestando atenção a tudo o que acontece a minha volta. É como ter um sistema de comunicação super potente e ficar captando radio pirata o tempo todo! Eu tenho um radar da NASA dentro do meu cérebro! É uma coisa de gente completamente maluca, daquela que precisa mesmo ir pro Pinel. Quando eu estou andando no shopping com o marido sou capaz de prestar atenção na explicação absurda dele sobre as regras do futebol americano (alguém sabe quanto é uma jarda? Não? Nem eu), lembrar a hora certinha do jogo do Grêmio, reparar que lá na prateleira do fundo da Arezzo tem uma bolsa vermelha maravilhosa, ouvir o comentário de duas senhoras sobre a peça de teatro nova que estreou na sexta passada, reparar que uma menina de 12 anos está falando sozinha na livraria e se perguntando por que ali não tinha “nenhuuuum espelho”, ouvir a conversa pelo celular de uma moça com o Henrique e descobrir que o Henrique é o namorado dela que estava atrasado porque o jogo do Corinthians tinha acabado de acabar. E tudo ao mesmo tempo! Mas fica pior. Às vezes eu vejo cenas banais do dia-a-dia envolvendo as outras pessoas e crio umas histórias doidas. Isso talvez seja o meu sintoma mais sério de maluquice nível extratosférico. Imagina. Vejo uma senhora de uns 50 anos sentada no restaurante sozinha e fico pensando que ela acabou de se divorciar, que está esperando uma amiga que vai lhe apresentar pra um outro amigo que ainda está solteiro com mais de 50 anos porque é um chato de galochas que só toma suco de tomate, come pistaches importados e tem uma pança monstro. Eu dou risada sozinha da desgraça alheia, mas, claro, não é nada disso. Na verdade o marido da mulher é um cara dez anos mais novo que ela que chega do banheiro dois minutos depois de eu inventar aquela história idiota na minha cabeça! Depois vejo um casal conversando baixinho e ela faz uma cara triste (ou eu achei que a cara era triste) e eu fico imaginando que ele está terminando tudo porque ela usou as palavras “casamento” e “bebê” numa única frase e depois de três semanas de namoro. É claro que, de novo, não deve ser nada disso: o cachorro dela pode ter morrido, ela pode estar com enxaqueca ou com a unha do dedão inflamada latejando, qualquer coisa nessa vida, mas até aí eu já criei uma novela na minha cabeça. Mas pior mesmo é contaminar os outros com essa maluquice e começar a dividir com o meu marido a história que eu inventei sobre aquelas pessoas. Surge, então, do nada, uma discussão ridícula:
Eu: - Olha ali. Tá vendo aquele menino jantando com a mãe? Tá vendo?
Ele: - Onde? Ali?
Eu: - Não olha!
Ele: - Mas se eu não olhar eu não vejo.
Eu: - Ali atrás, mas olha disfarçando.
Ele: - Tá, tô vendo. Mas o que é que tem?
Eu: - Aposto um sorvete Mega de doce de leite que ele engravidou a namorada de 16 anos e escolheu um restaurante para contar pra mãe só pra ela não ter coragem de matá-lo em público. Olha a cara péssima dela!
Ele: - Que nada, ele só tá levando um xingo porque tirou nota baixa em química orgânica. Molecão. O que você vai beber? H2Oh com gelo e limão?
Eu: – Tem isso de química orgânica e inorgânica ainda? Ai, deixa pra lá. Hoje eu quero suco de melancia com gelo num copo a parte. Mas claro que não pode ser só isso. Repara. A coisa é mais séria, um climão...
Ele: - A gente vai de buffet ou de pizza?
Eu: - De buffet, óbvio! Eu quero passar lá perto pra ouvir o que ela está achando de ser vovó.
Ele: - Prefiro Mega de amêndoas!
Eu: - Já volto com informações!
Pelo amor de Deus, tem coisa minha que nem eu aguento...

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