terça-feira, 17 de novembro de 2009

CARAMUJANDO

É ótimo ir a muitos lugares, conhecer gente nova, países, cidades, mundos e luas diferentes, mas, como descobriu a pequena Dorothy do Mágico de Oz depois de andar pacas, realmente não há lugar como o nosso lar. Hoje eu estou doente, contrariada com o meu próprio corpo e ficar trabalhando e zanzando na rua, coisa que normalmente é comigo mesma, de repente se tornou doloroso. Tudo o que eu queria na vida era correr pra casa. E corri. Dane-se. Ah, que alívio. A casa é pura proteção para a alma, é o único lugar no mundo onde eu tenho a sensação de estar completamente a salvo. Claro que é só uma sensação, mas é tão boa! Não é que eu seja apegada materialmente à minha casa, é mais uma associação emotiva com a energia do espaço. Deve mesmo fazer parte de uma instintiva proteção contra a vulnerabilidade típica do ser humano buscar esse conforto porque entrar em casa, mesmo que ela esteja completamente vazia, é como se sentir abraçado forte e ouvir "calma, tudo vai ficar bem agora...". É porque, às vezes, tudo o que se precisa de verdade na vida é tirar o salto alto e colocar as Havaianas, é ter a felicidade prosaica de (para quem tiver porque eu não tenho) ver seu cachorro abanando loucamente o rabo de alegria pelo simples fato de você existir, ou ter o direito de esquentar a comida de anteontem e comer na panela vendo televisão agradando seu estômago vazio. A casa é essa cúpula protetora antimísseis da vida lá de fora e ela pode ser uma mansão, um barraco ou até um veleiro, porque no fundo está onde a pomos. Acho que feliz é o caramujo que leva sua casa nas costas e pode se fechar por lá sempre que quiser...

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